
Assim como a noite se vai os dias também se vão e o dia finalmente nos alcança...
Fecham-se meus olhos e como mágica ou sonho; ainda posso sentir viver e ver aquelas pessoas a se divertirem, viver um só momento: o dia.
Ouço vozes, gargalhadas; mas vejo além de muitas cervejas, uma moça de vestido carmim que a pouco notei, mas que embora se faça e diga feliz, vejo contrariedades em suas palavras e ações... Em meio a tantos amigos a vejo, disfarçar entre um sorriso e outro, um olhar desligado as conversas que a cercam, ela não faz por mau, talvez as cervejas tenham a desnorteado, mas parecia dar lhe coragem.
Vejo a caminhar sozinha em meio tanta gente em meio tanta música em meio tanta “felicidade”...
De repente ela para, encontrou o que seus olhos aflitos buscavam há tempos: aproximadamente 1,80 m, magro, olhos e cabelos castanhos, dentes alvos, dono de um sorriso único.
Parecia não acreditar em que seus olhos lhe mostravam, acho que chegou a esfregá-los para ver se era um sonho ou realidade; se sentisse seu corpo talvez se beslicasse, mas a bebida não a permitira; decidiu acreditar em seus olhos.
A vi conversar com seus amigos e até conhecer alguns deles, me aproximei e então vi ela e ele conversarem; não me lembro bem das palavras que ouvi ambos pronunciarem:
Só me lembro dela balbuciar ao seu ouvido:
- Carpie Diem.
E o beijo, se fez... Ela parecia saber que ele não a possuía, embora quisesse crer no contrário... Ficaram estagnados entre todos por alguns minutos.
Vi ambos irem embora juntos... Num pude resistir e também me fui embora, não poderia dormir em paz se não soubesse o desfeche dessa história cotidiana.
Vi eles no estacionamento, ele abriu pra ela o carro, notará que ela parecerá estar mais bêbada que ele, não que ele também não estivesse, pois estavam.
Segui-os...
Vi ele parar o carro em frente julgo ser a casa dela, abrir a porta como um verdadeiro cavaleiro das antigas, talvez estivesse preocupado se ela vomitaria em seu carro ou preocupado como ela entraria em casa; temia levar ela pra casa dele, não saberia o que fazer... Preocupado em frente a casa dela, ligando pra alguém, ao mesmo tempo em que falava ao interfone, com o carro todo aberto buscando uma forma dela entrar em casa, era uma cena cômica de se ver... Eis que surge um vizinho que lhe entrega um molho de chave e ele enfim consegue abrir a casa, eu imagino aqui de fora que ele a levou até o seu quarto, colocou ela em sua cama e ela inebriada pela bebida o seguiu até a porta.
Ela em silêncio nem disse tchau; nem um beijo de despedida houve entre eles e ele se foi embora.
Ambos dão se as costas; para talvez nunca mais se virem; o dia se foi...
Eu sentado no carro olhando tudo de fora, mas vivendo tudo como se fosse de dentro, me deparei com o espelho retrovisor e vi minha vida refletida nele; não como vira antes, mas com olhos em alertas, vivos e ao pé do meu ouvido escuto sussurrar a voz daquela mesma moça que gozou talvez do seu último dia ao lado de sua paixão, a me dizer: Carpie Diem... E eu então entendo que preciso viver mais!!!
Num lugar muito distante de um mundo não encantado o dia foi-se e não mais voltou, senão nas linhas do sentimento esquecido por mim.
Essa não é uma história de dor ou desamor, mas sim de caminhos distintos!!! Que cada um saiba viver o seu!!!